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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Seres humanos de todos os países, uni-vos!


Aqui está um vídeo que nos faz pensar sobre a vida, o universo e tudo mais. Qual é a nossa importância? Sinceramente... Tudo bem, segundo uma boa parte do mundo Deus teria nos criado como seres especiais etc. Outros acreditam que tudo é divino e importante da mesma forma. Alguns não acreditam nisso e em nenhuma outra coisa. Assistam e façam suas considerações.

sábado, 20 de novembro de 2010

Reminiscências

Nos primeiro dias, a casa ainda estava vazia. Viu alguns vizinhos e trocou palavras com outros: “olá, tudo bem? Sim, tudo bem”. Andou pelo quarteirão e soube que logo ali perto funcionava um bar. Encontrou um telefone público e fez uma ligação: suas coisas estavam a caminho, a mudança já havia partido. Pensou em acender um cigarro, mas estava tentando parar com isso há muito tempo e decidiu deixar para depois. Sentou em um banco e lembrou-se dela: olhos castanhos, lábios bem feitos e um abraço como poucos. Mas, quem sabe uma nova cidade abrandaria aquela terrível saudade.
          Assim que sua cama chegou, cogitou dormir. Mas não, ficaria mais um pouco acordado, só um pouco. Começou a se perguntar por que mudara de cidade, amaldiçoando as antigas razões e procurando novas. Pegou um retrato nas mãos e sentiu o ar extinguir-se nos pulmões. Apertou o vidro a ponto de quebrá-lo. Chorou algumas lágrimas e olhou para o telefone recém instalado. Ligaria? Não, é claro. Segundos passaram e o telefone já chamava: ninguém atendeu. Esperava por isso, mas tentou mais uma vez e ainda outra. Quem sabe na última. Nada. Conferiu o número dela e disse qualquer coisa ao saber que havia discado o correto. Tentaria o celular e não mais a casa, mas ele sabia que este já não funcionava. A infeliz recordação de como o celular fora perdido lhe atingiu e as lágrimas vieram outra vez.
          Muito longe dali, em um campo gramado pontilhado de peças grandes e cinzentas, havia algo que não poderia ser aceito. Entremeio cruzes e anjos, uma placa de granito continha o nome dela logo acima de datas nem tão distantes. Certamente ela não deveria estar ali. Ela não estava, concluiu. Queria uma última conversa; um abraço; uma despedida talvez. Precisava encontrá-la.

domingo, 14 de novembro de 2010

Assassino de mim

Sem mais sonhos ou planos. Tudo o que quero, e preciso, é fechar meus olhos. Não me importa o mundo que segue, as horas cobrando o que lhes é devido ou se alguém me bate à porta. Desejo que tudo vá embora, fuja destas notas de lamento. Sete dúvidas, ou quem sabe mais, vivem de consumir minha alma: ficam ali, escondidas. Por meses não aparecem, não se mostram, mas sei que estão ocultas em algum lugar, sei o que querem. Herdei-as do decrépito mundo social - dos homens que cobram um futuro, um caminho em minha vida -.
          Nego toda a sorte que me foi vendida em um gole de veneno e fecho os olhos, definitivamente, assistindo a morte do que serei. Assassino de mim no crepúsculo da razão. Passado algum tempo, levanto e vou trabalhar para o resto da vida.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Mundo Cup Noodles!

          Vivemos a era da informação! Eis o que se lê e ouve quese que diariamente. Mas, que tipo de informação? Twitter? Orkut? SMS? Facebook? Acho que já passou da hora de revermos este conceito. Informação, sim, mas de qualidade muito duvidosa. Seria melhor chamarmos de "era da velocidade", já que o ser humano entrou em um ritmo louco de vida, que nunca pára. Não existem mais conversas em família ou uma pausa pra ouvir a chuva. Sempre há um celular tocando, alguém dizendo o que está fazendo no twitter, uma foto nova em um lugar qualquer...
          Além de toda essa hiper conectividade, as coisas, de modo geral, tornaram-se mais rápidas, fáceis e comerciais. Veja o exemplo da música: o que se vende por aí? Músicas que não forçam o raciocínio, que não possuem conteúdo; músicas de fácil digestão. Músicas Cup Noodles: instantâneas, práticas e simples. É um mundo inteiro que caminha para a descartabilidade.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Música e Saudades

Naquelas tardes de domingo, parávamos todos para ouvir a música da senhora que morava em frente a minha casa. Tocava um violoncelo desgastado pela recorrência de dedos habilidosos. Não possuía família, pelo menos não que soubéssemos. Morava sozinha, sem marido, filhos ou filhas. Passava a maior parte do tempo escrevendo sua música: notas e compassos de uma vida.
          Muitas vezes os sons cessavam, e a musicista encarava nossos olhos com um sorriso. Crianças enchiam sua varanda de madeira, todos sentados, hipnotizados pela doce melodia daquelas mãos e cordas. Nestes momentos alguém abria a boca para protestar, querendo mais música. Mas, como de costume, ela se levantava e ia até a cozinha, depois seus passos de volta anunciavam que teríamos bolo de milho e suco.
          Crescemos. Quando penso naqueles dias, alguns rostos me fogem a memória. Até mesmo o nome daquela mulher me parece impossível de ser lembrado, e por isso me culpo. Penso, as vezes, em nunca ter deixado sua varanda; ouvido mais de suas palavras e conselhos. Tempos depois, quando já não a tinha mais perto de mim, descobri que o tempo é implacável: fez daquela música mais uma doce lembrança. E assim foi, é e será; a vida embalada por canções.