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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Mochilão Argentina, Chile e Peru [IV]


A chegada em Cusco foi um pouco estressante, pelo menos pra mim, devido ao episódio da mochila. Eram 06h da manhã quando descemos do ônibus. Dali mesmo um homem que estava no segundo piso do terminal chamou por nossos nomes. Era William, que viera do hostal - onde já havíamos feitos reservas desde Tacna - para nos buscar. Pedimos que aguardasse e fomos no bagageiro pegar nossas coisas, mas a minha bagagem não apareceu. Eu carregava duas mochilas: uma pequena, sempre comigo, até mesmo dentro do ônibus, com água, cabos da câmera, passagens, etc; e outra, grande, onde estava todas as minhas roupas, equipamento para o Caminho Inca, livros, lanterna... Perderam justamente esta última. A empresa até tentou ligar para Arequipa, de onde havíamos saído, e perguntaram sobre onde poderia estar. Aguardamos um segundo ônibus da empresa que estava chegando em cusco. Disseram que a mochila poderia estar neste outro. Não estava. Conversamos com o pessoal da empresa e pediram que retornássemos a tarde. Voltamos as 16:30h, e, outra vez, deveríamos voltar as 19h para conversar com a administradora. Quando finalmente conseguimos conversar, falaram que ligaram para Lima, Tacna, e outras possibilidades, mas minha mochila não fora encontrada. Então, ofereceram 500 soles - cada nuevo sol equivale a R$ 0,65 - como reembolso pelo extravio das minhas coisas. Não aceitei, pois o valor era muito baixo e tentei negociar. Queria pelo menos 1000 soles, mas a mulher se recusou a pagar e pediu que voltássemos no outro dia com uma lista dos itens da minha bagagem. Depois disso fomos até a polícia, que nos recebeu muito bem, mas explicou que até poderíamos fazer uma queixa e tudo mais, porém, como tudo é muito burocrático, a empresa se aproveitaria de nossa falta de tempo e apenas nos enrolaria. Quanto a mim, não poderia esperar mais que dois dias, pois iniciaríamos o Caminho Inca na manhã do dia 11 de Janeiro e precisava comprar roupas.
          No outro dia, de lista em mãos - onde minhas coisas estavam verdareiramente avaliadas -, voltamos ao terminal. Conversamos com a administradora da companhia e expliquei que não estava colocando na lista nenhum notebook ou câmeras para superestimar o valor. E, de fato, havia listado somente o que havia perdido, nada além. Ela ligou para Lima, que é a sede da empresa, e explicou para uma outra pessoa a situação. Minha proposta continuava nos 1000 soles. Eles acabaram me oferecendo 800. Chorei um pouco e insisti em algum valor mais alto, pois realmente não tinha mais nada. Porém, diante da situação, aceitei os 800 e saí feliz. Foi o maior contratempo de uma viagem maravilhosa.
          A cidade de Cusco é fantástica. O centro histórico é muito bonito. Sua Plaza de Armas é cercada por igrejas antigas, lojas, bares e restaurantes. Tudo é muito turístico. Parado na calçada, em pouco tempo você consegue ouvir várias línguas diferentes. Nosso hostal era bem localizado, ficando a uma quadra da Avenida El Sol e três da Praça de Armas. Nesta cidade experimentamos a cerveja Cusqueña. Na minha opinião, uma das melhores que conheço. Embora os peruanos não bebam a cerveja muito gelada - na verdade, é quase em temperatura ambiente - esta aí surpreendeu. Deixaria saudades, pois na volta beberíamos a chilena Escudo, uma desgraça total.
          Depois de dois dias conhecendo a cidade, compramos as passagens de volta - desta vez de avião, desde Arequipa até Calama, no Chile - e nos preparamos para a Trilha. Arrumamos nossas mochilas na noite do dia 10 e deixamos tudo pronto. Compramos também comida em um mercado próximo a Praça de Armas para que pudéssemos ter alguma coisa entre as refeições principais. O dia 11 amanheceu gelado e chuvoso. Um homem apareceu no nosso hostal e disse que deveríamos ir até a catedral para pegar o micro-ônibus até o km 82 (início do Caminho Inca). Foi a primeira vez que utilizamos nossas capas de chuva. Algum tempo depois, nosso transporte finalmente chegou e embarcamos para os 4 dias mais sofridos e recompensadores que já passei.

Continua.

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