Seja bem-vindo!

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Mochilão Argentina, Chile e Peru [V]


Quando embarcamos no pequeno ônibus em frente a catedral na Plaza de Armas, não era possível sequer imaginar tudo aquilo que veríamos. Nosso trajeto demorou cerca de uma hora e meia até a cidadezinha chamada Ollantaytambo - o último ponto alcançado pelos espanhóis. Com uma rápida parada compramos bastões de caminhadas que, apesar da resistência de alguns na compra dos mesmos, mostraram-se absolutamente úteis nos dias de caminhada. Mais algum tempo de viagem e chegamos até o famoso KM. 82. O nome deve-se a linha férrea do trajeto Cusco-Águas Calientes. Neste ponto organizamos nossas mochilas para carregar os sacos de dormir. Fomos, mais tarde, divididos em dois grupos: Condor e Apu. Nós ficamos no Condor. Almoçamos com todo o grupo e conhecemos alguns argentinos. Pediram da Dilma, do futebol e de outras coisas. Depois de algumas explicações, finalmente colocamos nossas mochilas e descemos até o ponto de controle as margens do raivoso Rio Urubamba. Feita a checagem dos documentos, cruzamos a ponte sobre o Urubamba e finalmente iniciamos a tão aguardada trilha, objetivo de nossa viagem.
          O Caminho Inca, ou Trilha Inca, é um caminho restaurado que os incas usavam como peregrinação até a cidade sagrada de Machu Picchu. São quatro dias de caminhada até lá. O local encontra-se numa altitude consideravelmente alta, especialmente no segundo dia, onde caminhamos até a passagem de Warmi Wañuska, a 4215 metros acima do nível do mar. O primeiro dia de caminhada foi impressionante. Vimos montanhas!!! Quando as olhava por fotos, não conseguia ter a dimensão do que são. É quase impossível tentar descrever, mas são impressionantes. No caminho é possível ver alguns picos nevados também. A civilização Inca acreditava que espíritos habitavam as montanhas e, algumas delas em especial, chamadas de Apus, eram consideradas protetoras de cidades ou lugares. Como eu disse para alguns que me perguntaram da viagem: lá é possível compreender por que aquele povo cultuava as montanhas. É algo gigantesco, absurdo. É possível sentir uma energia diferente no local. Observar as montanhas, serenamente postadas na paisagem, vale pelos quilômetros de caminhada.
          Outro local que chama atenção é Phuyupatamarca. De lá, se não houvesse tanta neblina, seria possível encarar uma série de montanhas. O segundo dia de caminhada foi o que mais nos deu trabalho. Foram cerca de 7 horas de trilha, sendo que talvez 5 destas foram de subida. Antes de chegar na passagem de Warmi Wañuska há uma escadaria que corta o morro. Neste ponto já estávamos muito cansados e quando vimos o que ainda nos esperava... ficamos tristes :B Mas que nada! Chegar lá em cima é uma conquista.
          No quarto e último dia acordamos muito cedo: 3:30h da madrugada! Isto por que nos despediríamos dos porteadores - nativos que carregam provisões e tendas que utilizamos - e eles necessitavam tomar um trem as 05h. Além disso, precisávamos tomar café-da-manhã muito cedo para, quando o Sol saísse, tomar o caminho até Machu Picchu. E assim o fizemos. Caminhamos até Inti Punku, a Porta do Sol, por onde, olhando desde Machu Picchu, o Sol nasce nos equinócios de primavera e outono. Depois de uma olhada no local iniciamos a descida até a tão aguardada Cidade Sagrada. No caminho achamos até alguns brasileiros filmando o local clandestinamente para a TV (ê Brasil!). Encontramos as primeiras lhamas também!
          Quem faz o Caminho Inca chega em Machu Picchu por um local elevado, de onde se pode ver a cidade de cima. Nesta época do ano há muita neblina nas primeiras horas da manhã. Mas o destino nos reservou algo impressionante: quando chegamos no local a neblina começou a se dissipar e pudemos ver a cidade! Eu me emocionei, sempre quis conhecer este lugar e, justamente naquele momento, depois de quilômetros e quilômetros andados, eu a vi: Machu Picchu!

Continua.

Nenhum comentário:

Postar um comentário